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‘Diário da Manhã’ – Professor Ayawo Noleto analisa escravidão no Brasil e no Maranhão

Ayawo Noleto explicou que mudou seu nome, que era Luís Carlos, quando começou a fazer o curso na UFMA
O professor de Estudos Africanos e Afro-brasileiros, economista e mestrando em História, Ayawo Noleto, falou sobre o período de escravidão no Brasil e no Maranhão em entrevista ao programa ‘Diário da Manhã’, da Rádio Assembleia (96,9 FM), nesta quarta-feira (22). A entrevista, conduzida pelo jornalista Ronald Segundo, lembrou a passagem do Dia da Consciência Negra (20 de Novembro).

Ayawo Noleto explicou que mudou seu nome original, que era Luís Carlos, quando começou a fazer o curso de Estudos Africanos, na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), uma vez que em Gana, país de seus antepassados, os nomes das pessoas são precedidos do dia que nascem, no caso dele, quinta-feira. Ele contou também que é servidor da Assembleia Legislativa e ex-presidente do Sindicato dos Servidores da Casa.

Noleto relatou que, anteriormente, o 13 de Maio, dia assinatura da Lei Áurea, que colocou fim oficialmente à escravidão no Brasil, assinada pela Princesa Isabel, mas que, na reorganização do Movimento Negro, a partir de década de 1970, decidiu-se homenagear o líder Zumbi dos Palmares, na data de sua morte.

“A data antiga encobria a luta dos negros e colocava tudo na mão da Princesa Isabel, como se fosse a redentora, e não é! Em 20 de Novembro ocorreu a morte de Zumbi, um grande guerreiro do primeiro quilombo do Brasil e que durou quase 100 anos”, explicou.

 

Professor Ayawo Noleto conversa com o jornalista Ronald Segundo no programa ‘Diário da Manhã’

Professor Ayawo Noleto conversa com o jornalista Ronald Segundo no programa ‘Diário da Manhã’

 

Histórico

Ayawo Noleto lembrou, ainda, que a escravidão existe desde o Império Romano, mas só teve o caráter da cor da pele a partir do século XV, com a descoberta das Américas, com a escravidão atlântica. Em três séculos, foram escravizados 10 milhões de pessoas nas Américas e cerca de quatro milhões, no Brasil.

“Estudos mostram que no transporte em navios degradantes, em viagens que duravam três meses, morriam 30% dos escravizados, a grande maioria por doenças, e os corpos eram jogados com comida para tubarão, que mudaram até a trilha em que comiam”, denunciou.

Em relação ao Maranhão, o professor explicou que os números também são alarmantes em termos de negros escravizados. Após a criação a Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão, que obteve o monopólio do tráfico da Coroa, foram trazidos 12 mil africanos para a capitania, entre 1755 e 1778. Ao todo, foram trazidos mais de 100 mil africanos, sobretudo, da Guiné, Dahomey e Angola.

Ele mostrou que, às vésperas da Independência do Brasil, o Maranhão era a província brasileira com maior percentual de escravizados (78 mil, ou 55% da população). Com a crise de 1817, o algodão maranhense encontrou dificuldades crescentes no mercado mundial e, por isso, o tráfico transatlântico de escravizados para a província se tornou inexpressivo bem antes de 1850.

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